10 fevereiro 2010

Brasil pode triplicar exportações de carne suína até 2015

 


Em 2009, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO, o mundo produzirá 106 milhões de toneladas de carne suína. Cerca de metade disso (50,23 milhões t) será de responsabilidade da China. Os chineses, como se sabe, consomem muito também: 50,36 milhões de toneladas. Eles deverão importar, em 2009, 215 mil t e exportar 343 mil t.

A China faz parte da dezena de países que estão no foco da atenção da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína – ABIPECS. Em 2008 e 2009, a entidade tem feito marcação cerrada para a abertura de novos mercados, não apenas participando de missões oficiais a países ainda fechados, como insistindo para que o governo brasileiro eleve a prioridade concedida às exportações do produto e, com isso, se acelere o ritmo da sua entrada na Ásia, América do Norte e Europa.

Projeção hipotética feita pela ABIPECS, com base em dados da FAO, estima que as exportações brasileiras de carne suína triplicariam, passando de 589 mil t em 2009 para 1,73 milhão t em 2015, apenas como efeito da abertura de mercados e aumento de vendas para mercados já conquistados.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior exportador mundial, atrás da União Europeia, dos Estados Unidos e do Canadá. Com o aumento de exportações, o Brasil teria condições de liderar o ranking, situação que já ocorreu com as carnes bovina e de frango.

Na Ásia, o Brasil exporta principalmente para Hong Kong, um volume estimado em 127 mil t em 2009, com uma participação de 26% nas importações feitas pelo país. Mas o Brasil ainda não exporta para a China e para o Japão, os dois principais compradores na região. Em 2009, os chineses deverão importar 343 mil t e o Japão, 1,12 milhão de t. Na China, diz Pedro de Camargo Neto, presidente da ABIPECS, “projetamos iniciar com 5% de participação nas importações do país, em 2010, para chegarmos a uma participação de 30% em 2015. O potencial brasileiro, naquele ano, seria de 102,9 mil toneladas.

Com relação ao Japão, acrescenta Camargo Neto, “iniciaríamos, em 2010, com 56 mil t, passando a uma participação nas importações japonesas de 20% em 2011, 25% em 2012 e 40% em 2015. Essa participação ainda seria inferior à conseguida pelos exportadores brasileiros de carne de aves”.

O Japão, além de importar grande quantidade, é um mercado muito interessante porque é altamente exigente, compra qualidade, o que leva a uma melhora do padrão de nossas indústrias, inclusive para atender ao mercado interno, e paga muito bem por isso. O Japão importa cerca de 25% do que o mundo produz, em toneladas, de carne suína, mas essa importação representa quase 50% dos valores envolvidos com as importações mundiais do produto.

A projeção da ABIPECS utiliza para todos os anos o mesmo volume de importações, não levando em consideração o crescimento da população e de renda, bem como eventual aumento de produção doméstica dos países importadores ou práticas protecionistas. “Trata-se, certamente, de uma simplificação, pois qualquer alteração em qualquer variável mudará o resultado”, comenta o presidente da ABIPECS.

As duas Coreias deverão importar 434 mil toneladas de carne suína em 2009.

Levando-se em conta que o Brasil começaria a exportar em 2011, obtendo uma participação naqueles mercados de 10%, poderia ampliá-la a 40% em 2015.

No mercado de Hong Kong, onde o Brasil já está presente, a estimativa é de aumentar a atual participação de 26% pra 30% em 2015. Para as Filipinas e o Vietnã as vendas começariam em 2010. A participação brasileira naqueles mercados seria de 10% e de 40% em 2015. Em outros países asiáticos, o Brasil manteria a sua participação de 18%, chegando também a 40% em cinco anos.

A África do Sul suspendeu as importações de carne suína e bovina do Brasil por ocasião do foco de febre aftosa no município de Eldorado (MS), em outubro de 2005. Gradualmente, todos os países que suspenderam a entrada do produto brasileiro liberaram as importações. A África do Sul é o último país no mundo que ainda resiste a reconhecer a sanidade do Brasil.

A África do Sul importou do Brasil, em 2005, cerca de 20 mil toneladas de carne suína. Pela projeção da  ABIPECS, o Brasil poderia retomar os 20% de participação naquele mercado e aumentá-la a 40%.

No México e em Cuba, a ABIPECS projeta uma participação brasileira no mercado de carne suína de 5%.

Na União Europeia, pretende-se iniciar, em 2010, com uma participação de 10%, patamar que se elevaria a 50% em 2015.

Nos EUA, o levantamento da ABIPECS estima uma participação inicial de 2%, em 2010, que aumentaria para 10% em cinco anos.

Na Rússia, principal cliente da carne suína brasileira, o Brasil manteria a sua participação de mercado em torno de 35%, em 2010, e a ampliaria para 50% em 2015.

Barreiras Sanitárias

O Brasil encontra hoje barreiras sanitárias em praticamente todos os maiores importadores de carne suína do mundo, com exceção da Rússia, que ainda não integra a Organização Mundial do Comércio (OMC). Hoje, os exportadores nacionais não conseguem entrar nos mercados japonês, mexicano, chinês, americano e da União Europeia.

Juntas, essas cinco regiões representam importações de 2,4 milhões de toneladas de carne suína ao ano, praticamente metade de toda a importação mundial. “Em muitos casos não existe um procedimento científico que impeça a abertura desses mercados”, diz Pedro de Camargo Neto.

A maior parte dos Estados brasileiros está certificada pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como área livre de febre aftosa com vacinação.

Esse status sanitário intermediário, de livre com vacinação, de acordo com as regras da OIE, garante segurança aos produtos dessas regiões. Esse fato, no entanto, não é reconhecido pelos principais importadores de carne suína e também bovina. “Essa é apenas uma ilustração de que as referências científicas da OIE não são aceitas”, comenta Camargo Neto.

Pelas normas atuais, o acordo assinado pelos membros prevê que barreiras sanitárias sejam impostas à entrada de produtos nos países importadores apenas com argumentações científicas, fato que não vem sendo praticado, segundo Camargo Neto.

“Apesar dessa regra ter representado um grande avanço nas negociações internacionais e ser muito importante, na prática ela não vem sendo aplicada”.

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